O galo cantou ou não?
Ao se referir o cantar do galo nos evangelhos, Jesus não está
relacionando a uma ave. Confira o estudo.

Alguns de nós já ouvimos através de pregações da Bíblia, o famoso texto
do "canto do galo", e até mesmo em nossas leituras meio rápidas, e
sem nenhum interesse histórico, cultural, de costumes, e teológico. Passamos
despercebidos de grandes riquezas para nosso conhecimento dentro de textos como
este.
Ao ler a obra de Elias Soares de Moraes (Perguntas Difíceis de responder volume 3), pude chegar ao conhecimento dessa história bíblica fascinante.
Ao longo dos anos, em suas pesquisas e estudos, ele nos presenteia com
um material riquissímo de uma história cheia de fé, e razão, que nos leva a
clareza de questões aparentemente contraditórias, e de dúvidas; com muito
esforço e trabalho, sua intenção é de abranger nosso conhecimento à luz das
Escrituras Sagradas.
Em Perguntas Difíceis de responder volume 3, Elias
Soares de Moraes, aborda alguns comentários de outros historiadores, e pesquisadores
como o de: Charles Swindoll ao escrever "Marcado para Morrer",
Que trás uma curiosidade da época, um conteúdo histórico muito interessante
para nosso aprendizado.
Segundo Charles Swindoll, na lei judia nos tempos de Jesus, havia
uma regra, em que era proibido a criação de
aves como aquela, que poderiam sujar a cidade santa, e aos olhos deles
as coisas santas.
Dentro desse material teológico, e da Bíblia, Elias Soares de Moraes
diz: que no evangelho de Marcos, Jesus é condenado por Pilatos, e crucificado
a terceira hora, umas nove horas da manhã, ele havia passado por seis
julgamentos: três pelos judeus (O primeiro por Anas; o segundo por Caífas e o
terceiro pelo Sinédrio) os outros três pelos romanos. Na casa de Anas, Caifás e
mesmo no sinédrio, não havia um galinheiro, por isso não tinha galo para
cantar.
Então que galo era esse?
No final da terceira vigília da noite, cerca das 03:00hs da manhã,
momento em que ocorreu o primeiro julgamento de Jesus, aconteceria à troca de
turno da escola de soldados que fazia a guarda da fortaleza de Antonia, a casa
do governador Pôncio Pilatos, e, essa troca de turno era anunciada com um toque
de trombeta, que, em latim chamava-se gallicinium, que traduzindo para o
português significa; "o cantar do galo".
No exército brasileiro o amanhecer é anunciado com um toque de corneta
conhecido como "o toque da alvorada", na época de Jesus, a troca de
turno era anunciada com o gallicinium, conhecido como: alektorophonia, "o
cantar do galo". E para reforçar essa verdade existe um costume judaico
citado, inclusive, por Jesus, de denominar a terceira vigília como "o
cantar do galo" (Mc 13:35).
De acordo com a Enciclopédia da Bíblia:
"O cantar do galo" era um nome dado a terceira vigília da
noite, de meia noite às três da manhã. No tempo de Cristo a noite foi dividida
pelos romanos em quatro vigílias: a) Tarde;
b) Meia-Noite; c) Madrugada; d) Cedo. Cada um dos evangelhos se refere ao
"cantar do galo" em conexão com o período em que Pedro negou a Jesus.
(Mt 26:34,74; Mc 13:35; Lc 22:34; Jo 13:38).
Como podemos ver, "o canto do galo" referido por Jesus nos
evangelhos não se trata do canto de uma ave, mas sim o toque da trombeta do
soldado romano que anunciava a terceira vigília da noite (das 24h as 03h da
manhã).
Escrito por: Presbítero Marcio dos Anjos
Referências Bibliográficas: Perguntas Difíceis de Responder volume 3, Elias Soares de Moraes.